Os desencontros nas conversas entre o governo e o Congresso por causa da reforma da Previdência – a proposta foi entregue ao Legislativo em fevereiro – fizeram com que o mercado de ações no Brasil fechasse perto da estabilidade em março. O Ibovespa, principal referência da B3 (antiga BM&FBovespa), recuou 0,18% no mês, para 95 mil pontos.
No resultado do primeiro trimestre, no entanto, o índice Ibovespa subiu 4,84%, diante do otimismo do mercado no início de 2019 com a expectativa de avanços da reforma da Previdência, a despeito das seguidas frustrações com a atividade econômica, que não mostra sinais de recuperação. Já o dólar subiu 4,36% em março, a R$ 3,92, segundo a cotação do Banco Central. No período de janeiro a março, no entanto, a valorização foi de apenas 0,6%.
A inflação de fevereiro, divulgada em março, veio no teto das projeções do mercado. O IPCA, medido pelo IBGE, subiu 0,43% em fevereiro, alcançando 3,89% no resultado acumulado em doze meses. A maior pressão dos preços veio do setor de educação, com alta de 3,53%, seguido pelo grupo de alimentos e bebidas (0,78%).
No cenário internacional, o primeiro trimestre mostrou sinais de estabilização, contribuindo com a forte recuperação nos preços de grande parte dos ativos de risco ao redor do mundo, especialmente as bolsas americanas e chinesas.
Investidores internacionais se mostraram mais tolerantes a risco diante da expectativa de estabilização da atividade econômica na China e nos Estados Unidos e uma possível resolução das disputas comerciais entre os dois países. A conclusão do acordo foi mais uma vez adiada, mas se espera que o país asiático e os EUA cheguem a um consenso, mesmo que parcial. A disputa é prejudicial para ambas as economias, que vêm mostrando sinais de desaceleração.
Na China, os indicadores de atividade econômica vieram abaixo do esperado. No início de março, o governo chinês anunciou um estímulo fiscal de cerca de US$ 300 bilhões, o equivalente a 2,4% do PIB, em redução de impostos para as empresas. A expectativa é que o pacote ajude o país a alcançar a meta de crescimento de 2019, entre 6% e 6,5%.
Nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária do banco central (FOMC, na sigla em inglês) decidiu manter a taxa básica de juros inalterada (2,25% - 2,50%), movimento esperado pelo mercado. Além disso, as expectativas dos membros do comitê para a taxa básica de juros passaram a indicar estabilidade em 2019 e apenas uma elevação de 0,25 ponto percentual em 2020. Antes, eram esperadas duas altas em 2019 e uma em 2020. Isso consolidou a visão mais negativa da autoridade monetária sobre o desempenho da economia americana em 2019.
O mercado de trabalho americano continuou com bom desempenho, com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos, mas a inflação vem se mantendo consistentemente abaixo da meta, frustrando os efeitos inflacionários esperados de uma economia aquecida. Diante desse contexto, o comitê mudou sua comunicação e sinalizou que a taxa básica de juros se manteria no mesmo patamar por um período prolongado ou até que pressões inflacionárias se manifestem na economia e se atinja a meta da inflação. Nesse cenário de incertezas para as duas maiores economias mundiais, o Brasil também é prejudicado. Isso porque recua a demanda por produtos brasileiros nos mercados chinês e americano, o que prejudica os exportadores brasileiros.
Desempenho dos investimentos
Rentabilidade dos investimentos do PPSP-R supera meta atuarial em março e chega a 1,23%
A rentabilidade dos investimentos do Plano Petros do Sistema Petrobras - Repactuados (PPSP-R) chegou a 1,23% em março, acima da meta atuarial de 1,18% para o mês e da inflação, que ficou em 0,75%, segundo o IBGE. A meta atuarial prevê o rendimento necessário para que o plano possa fazer frente a seus compromissos atuais e futuros.
A carteira de renda variável (ações negociadas em Bolsa, fundos de ações e participações em empresas) foi o destaque entre os investimentos do mês, com rentabilidade de 4,61% em março. Já o Ibovespa, principal referência do mercado de renda variável, caiu 0,18% no mês. A alta foi puxada pela carteira de governança líquida (6,78%, que inclui as participações em empresas que possuem maior liquidez) – por causa da valorização das ações de BRF (10,11%), Totvs (8,09%) e Vale (8,13%) – e pela alta de 5,70% da carteira de governança ilíquida (composta por participações em empresas com liquidez restrita) –, com valorização de Litel (8,65%), acompanhando a subida das ações da Vale.
Com cerca de 68% do patrimônio do plano, a carteira de renda fixa (títulos públicos e privados e fundos de renda fixa) rendeu 0,49% em março, acima do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é referência para a renda fixa e subiu 0,47%. O bom desempenho do segmento reflete uma estratégia de gestão ativa desses investimentos para aproveitar as oportunidades do mercado.
A carteira de operações aos participantes (empréstimos), com 5% dos recursos do plano, rendeu 0,40% em março. Os investimentos imobiliários, por sua vez, tiveram rentabilidade de 0,54%, enquanto os investimentos estruturados – Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), veículos de investimento em empresas ou projetos de empreendimentos – tiveram variação de 1,01% em março.
Resultado acumulado no ano
No primeiro trimestre, os investimentos do PPSP-R renderam 5,51%, quase o dobro da meta atuarial para o período, que era de 2,82%. No mesmo período, a inflação foi de 1,51%. Os investimentos em renda fixa se destacaram no período de janeiro a março, com rentabilidade de 6,65%, enquanto o CDI, referência para o segmento, teve variação de 1,51%.
Já os investimentos em renda variável avançaram 4,41%, enquanto a Bolsa subiu 8,57%. Houve influência positiva da carteira de Fundos de Investimentos em Ação (FIAs) terceirizados (7,90%), do resultado favorável das ações da carteira de giro (10,73%) e da alta da carteira de governança líquida – em resposta às valorizações de Totvs (45,32%), Romi (30,07%) e BRF (3,28%). Por outro lado, a Litel, investimento com participação relevante na carteira de renda variável do PPS-R, fechou o trimestre com queda de 0,51%. A carteira de renda variável do PPSP-R se diferencia da composição do Ibovespa, já que deve estar adequada aos compromissos do plano com seus participantes.
Os investimentos imobiliários renderam 1,67%, enquanto as operações com participantes (empréstimos) registraram rentabilidade de 2,03%. O ganho dos investimentos estruturados, por sua vez, ficou em 1,03% no primeiro trimestre do ano.
Desempenho do plano X meta atuarial (%)
Março
Acumulado
Investimentos do plano
1,23
5,51
Meta atuarial
1,18
2,82
Composição da carteira
68% Renda fixa
18% Renda variável
1,5% Investimentos estruturados
7,5% Imobiliário
5% Operações com participantes (empréstimos)
Resultado por segmento (%)
Março
Acumulado
Renda fixa
0,49
6,65
Renda variável
4,61
4,41
Estruturados
1,01
1,03
Imobiliário
0,54
1,67
Operações com participantes (empréstimos)
0,40
2,03
* Os nomes das categorias de investimentos foram alterados para adequação à instrução normativa 4661, da Previc.
Categorias renda fixa e variável (%)
Março
Acumulado
RENDA FIXA
Renda fixa de longo prazo
0,45
7,61
Crédito privado
0,85
4,05
RENDA VARIÁVEL
Governança
6,32
3,42
Livre
-0,90
8,32
Referenciais (%)
Março
Acumulado
CDI
0,47
1,51
Ibovespa
-0,18
8,57
IPCA
0,75
1,51
Movimentação do plano
O PPSP-R encerrou o mês de fevereiro com 56.895 participantes, dos quais 9.678 ativos e 47.217 assistidos (aposentados e pensionistas). No mês, houve ao todo 101 novas concessões.
Benefícios concedidos
Aposentadorias
Auxílio-doença
Pensões por morte
Pecúlios
Novas concessões
11
1
25
64
101
Resultado do plano
O PPSP-R registrou déficit acumulado de R$ 4,295 bilhões em março de 2019.
Patrimônio de cobertura: R$ 47,438 bilhões (ativos)
Todos os investimentos que o plano possui, mais outros recursos que ele tem a receber.
Compromissos futuros: R$ 51,733 bilhões(passivo)
Valores comprometidos com os pagamentos de benefícios de todos os participantes, seguindo o regulamento do plano.
Equilíbrio técnico: - R$ 4,295 bilhões
Diferença entre compromissos futuros e patrimônio. Sofre variações para mais ou para menos, de acordo com a movimentação dos compromissos e a rentabilidade. Quando esses compromissos ficam maiores que o patrimônio ocorre déficit. Quando a situação é inversa, há superávit.
RESUMO DO RESULTADO ACUMULADO (JAN-MAR 2019)
Resultado acumulado em 31/12/2018
-5.567
IMPACTOS POSITIVOS (JAN-MAR)
Resultado líquido dos investimentos
2.042
Evolução dos resultados a realizar
27
IMPACTOS NEGATIVOS (JAN-MAR)
Resultado previdencial (pagamento de benefícios menos recebimento de contribuições e atualização de contingências judiciais com perda provável)
-593
Evolução das provisões matemáticas (compromissos futuros)