O mês de junho foi marcado, no cenário externo, pela alta de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para a faixa entre 1,75% e 2%, dada a perspectiva otimista em relação à meta de inflação e à atividade econômica dos Estados Unidos. A elevação dos juros nos EUA tende a atrair capitais externos, que deixam outros destinos, como o Brasil e outros países emergentes. O movimento, por sua vez, impulsiona a valorização do dólar. Além dos resultados robustos da economia americana, a guerra comercial entre EUA e China permanece como risco no cenário internacional.
No Brasil, a expectativa de uma recuperação lenta da economia foi reforçada pela greve dos caminhoneiros, com impacto tanto na inflação quanto na atividade econômica. Os principais fatores, no entanto, continuam sendo um cenário pouco favorável para investimentos, mercado de trabalho e recuperação do crédito.
A paralisação dos caminhoneiros se refletiu na inflação do mês, que disparou para 1,26%, a maior taxa para junho desde 1995 (2,26%). O resultado acumulado em 2018 ficou em 2,60% e, em doze meses, em 4,39%, ainda abaixo do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5%.
Mais uma vez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central votou pela manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano. A leitura é de que é preciso acompanhar a reação aos recentes choques (alta do dólar e paralisação no setor de transporte de cargas) na inflação.
No mercado de ações, o mês foi de queda de 5,20% no Ibovespa, principal referência da B3 (antiga BM&FBovespa), que chegou aos 72.762 pontos. A perda reflete as preocupações como o impacto alta da taxa de juros nos Estados Unidos na economia brasileira e o temor de uma guerra comercial entre EUA e China. No cenário doméstico, pesaram ainda as incertezas com a disputa eleitoral de outubro.
Já o dólar subiu 3,06%, alcançando R$ 3,85, segundo a cotação do Banco Central (Ptax). O dólar foi um dos ativos mais voláteis do mês, resultado de questões políticas internas e externas, como as decisões sobre juros.
Desempenho dos investimentos
PPSP-R tem rentabilidade negativa de 1,34% em junho
A rentabilidade do Plano Petros do Sistema Petrobras - Repactuados (PPSP-R) ficou negativa em 1,34% em junho, frente à meta atuarial de 1,73% para o mês. Houve impacto negativo para o resultado dos investimentos em renda variável (ações negociadas em Bolsa, fundos de ações e participações em empresas) e de renda fixa (títulos públicos e privados e fundos de renda fixa).
Na renda fixa, que responde por 62% da carteira de investimentos do plano, a rentabilidade foi de -0,52%. Houve influência positiva dos “títulos públicos mantidos até o vencimento”, com alta de 2,72% em junho. Por outro lado, os títulos públicos “marcados a mercado” tiveram retração de 0,97% no mês. Esses últimos estão sujeitos a oscilações constantes de preços.
Na renda variável – que responde por 22% da carteira –, o resultado ficou negativo em 4,72% em junho, em linha com a queda de 5,2% do índice Ibovespa, principal referência do mercado. A carteira de participação em empresas teve desempenho desfavorável de - 4,92%, por causa da queda das ações de Litel (que investe em Vale) e de BRF. A carteira livre (que reúne fundo de ações e papéis de alta liquidez negociados em bolsa) recuou 4,12% no mês.
O segmento de investimentos estruturados – compostos por Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), veículos de investimento em empresas ou projetos de empreendimentos e fundos imobiliários – também teve performance desfavorável, com rentabilidade negativa de 0,53%. O resultado deste tipo de investimento, que reúne 3% dos recursos do plano, foi influenciado pela retração de 0,79% nos fundos de Private Equity, sob impacto da queda do FIP Caixa Ambiental no mês.
Com parcela de 8% da carteira do PPSP-R, o segmento de imóveis apresentou desempenho positivo, com alta de 0,37%. Já os empréstimos aos participantes – que respondem por 5% do patrimônio do plano - renderam 0,62%.
Resultado acumulado no ano
A rentabilidade do Plano Petros do Sistema Petrobras - Repactuados (PPSP-R) acumulada de janeiro a junho ficou negativa em 1,88%, aquém da meta atuarial de 5,49% do período. O resultado foi pressionado pela renda fixa (-0,52%) e pela renda variável (-4,72%). O movimento da renda variável seguiu a tendência do mercado como um todo, já que o Ibovespa, índice que é referência da Bolsa, recuou 4,76% no primeiro semestre do ano. Já o segmento de imóveis registrou alta de 1,74%. Os empréstimos aos participantes foram o principal destaque positivo do semestre, com rentabilidade de 5,97%.
Desempenho do plano X meta atuarial (%)
Junho
Acumulado no ano
Total do plano
-1,34
-1,88
Meta atuarial
1,73
5,49
*A rentabilidade total do plano é o retorno dos investimentos, descontados outros fatores que interferem no resultado.
Composição da carteira
62%
Renda Fixa
22%
Renda variável
3%
Investimentos estruturados
8%
Imóveis
5%
Empréstimos
Resultado por segmento (%)
Junho
Acumulado no ano
Renda fixa
-0,52
0,63
Renda variável
-4,72
-11,37
Investimentos estruturados
-0,53
-1,67
Imóveis
0,37
1,74
Empréstimos
0,62
5,97
Categorias renda fixa e variável (%)
Junho
Acumulado no ano
RENDA FIXA
Renda fixa de longo prazo
-0,73
0,34
Crédito privado
0,84
6,78
RENDA VARIÁVEL
Governança
-4,92
-13,37
Livre
-4,12
-4,34
Referenciais (%)
Junho
Acumulado no ano
CDI
0,52
3,18
Ibovespa
-5,20
-4,76
Movimentação do plano
O PPSP-R encerrou o mês de maio com 57.289 participantes, dos quais 9.830 ativos e 47.459 assistidos (aposentados e pensionistas). No mês, houve 245 novas concessões, conforme detalhado abaixo.
Benefícios concedidos
Aposentadorias
Auxílios-doença
Pensões por morte
Pecúlios
35
3
93
114
Resultado do plano
O PPSP-R registrou déficit acumulado de R$ 5,016 bilhões até junho de 2018. Em relação ao resultado contabilizado em maio, houve aumento do déficit acumulado, por causa do resultado negativo dos investimentos.
Patrimônio de cobertura:
R$ 44,548 bilhões (ativos)
Todos os investimentos que o plano possui, mais outros recursos que ele tem a receber.
Compromissos futuros:
R$ 49,565 bilhões(passivo)
Valores comprometidos com os pagamentos de benefícios de todos os participantes, seguindo o regulamento do plano.
Equilíbrio técnico: - R$ 5,016 bilhões
Diferença entre compromissos futuros e patrimônio. Sofre variações para mais ou para menos, de acordo com a movimentação dos compromissos e a rentabilidade. Quando esses compromissos ficam maiores que o patrimônio ocorre déficit. Quando a situação é inversa, há superávit.
RESUMO DO RESULTADO ACUMULADO (JAN-JUN 2018)
R$ milhões
Resultado acumulado em 31/3/2018*
-2.483
IMPACTOS POSITIVOS (ABR-JUN)
Evolução dos resultados a realizar
6
IMPACTOS NEGATIVOS (ABR-JUN)
Resultado previdencial (pagamento de benefícios menos recebimento de contribuições e atualização de contingências judiciais e ações com perda provável)
-578
Resultado líquido dos investimentos
-1.283
Evolução das provisões matemáticas (compromissos futuros)
-678
EQUILÍBRIO TÉCNICO
-5.016
*Em abril/2018, o PPSP foi cindido em PPSP-Repactuados e PPSP-Não Repactuados