O mês foi de aumento da volatilidade dos mercados globais, como reflexo das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e das incertezas em relação às principais economias emergentes, como o Brasil. Apesar disso, a economia americana foi destaque positivo entre os indicadores. De um lado, a taxa de desemprego nos EUA caiu para 3,9% em abril – o menor nível desde dezembro de 2000, após seis meses seguidos em 4,1%. Do outro, o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) decidiu manter a taxa de juros no intervalo entre 1,50% e 1,75%.
No Brasil, a greve dos caminhoneiros foi o principal tema da economia. O movimento – que começou após consecutivas altas nos preços dos combustíveis, especialmente do óleo diesel – trará impactos sobre a inflação nos meses seguintes e o nível de atividade no segundo trimestre. Em maio, a inflação medida pelo IPCA acelerou para 0,40% no resultado mensal e 2,86% em doze meses.
O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre – divulgado em maio – apontou alta de 0,4% frente ao quarto trimestre de 2017, em linha com a expectativa do mercado. Se considerado o desempenho em doze meses, a expansão foi de 1,2%. Indústria e serviços tiveram variação de apenas 0,1% enquanto a agropecuária avançou 1,4%. Já o consumo das famílias continua em recuperação, com crescimento de 0,5%, acima do esperado pelo mercado, enquanto os investimentos tiveram aumento de 0,6%.
A surpresa do mês foi a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa Selic no patamar de 6,50% ao ano: o mercado projetava um corte de 0,25 ponto percentual, para 6,25%. A avaliação do Copom foi de que o cenário externo se tornou mais desafiador, com aumento de volatilidade nos ativos. A ata da reunião aponta que a inflação segue controlada, mas os riscos aumentaram, diante do dólar mais alto – subiu 6,65% em maio - e a piora do cenário externo.
Desempenho dos investimentos
PPSP-NR tem rentabilidade negativa de 3,35% em maio
O Plano Petros do Sistema Petrobras-Não Repactuados (PPSP-NR) apresentou desempenho negativo de 3,35% em maio, frente à meta atuarial de 0,86% para o período. O resultado decorreu da forte retração tanto na renda variável (ações negociadas em Bolsa, fundos de ações e participações em empresas), que caiu 5,56% no mês, quanto na renda fixa (títulos públicos e privados e fundos de renda fixa), que desvalorizou 3,42%.
Na renda fixa, o impacto negativo veio dos títulos públicos “marcados a mercado” (sujeitos a oscilações constantes de preços) que registraram baixa de 4,38%. O resultado desses papéis – principalmente os de prazos mais longos, que têm maior participação na carteira – foi pressionado pela expectativa do mercado de uma antecipação do ciclo de elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. Em contrapartida, os títulos públicos levados até o vencimento tiveram alta de 2,21%, e os de crédito privado subiram 0,86%, ambos acima do CDI (+ 0,52%), referência para o segmento.
A renda variável, com uma fatia de 23% dos recursos do PPSP-NR, foi impactada pela queda de 4,15% na carteira de participações em empresas. O resultado negativo foi puxado pelas ações da BRF, que possuem grande representatividade no segmento e desvalorizaram 13,63%. A carteira livre, que reúne as ações de alta liquidez negociadas na Bolsa de Valores e os fundos de ações, caiu 9,69% e também puxou o resultado para baixo. A queda na carteira livre, que responde por 5% do plano, foi concentrada nos fundos de ações, e seguiu o Ibovespa (-10,87%), que teve o pior desempenho mensal em quase quatro anos.
Do lado positivo, os investimentos estruturados — compostos por Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), veículos de investimento em empresas ou projetos de empreendimentos e fundos imobiliários —, que representam 3% dos recursos do plano, subiram 0,44% em maio. A valorização foi influenciada pelo FIP Brasil Energia, que investe em empresas de infraestrutura ligadas ao setor de energia e registrou ganhos de 2,43%, devido ao recebimento de dividendos das companhias investidas. Os imóveis, onde estão aplicados 8% dos investimentos, subiram 0,54%, e os empréstimos aos participantes, com 3% dos ativos, avançaram 0,91%.
Resultado acumulado no ano
De janeiro a maio, a rentabilidade do plano ficou negativa em 0,53%, frente à meta de 3,69% para o período, pressionada pela retração dos investimentos no último mês. A renda fixa acumula alta de 1,14%, abaixo do CDI, que avançou 2,64% nos primeiros cinco meses do ano. A renda variável teve desvalorização de 6,92% no período, descolado do Ibovespa, que acumula rendimento de 0,46% até maio. Esse resultado na renda variável se deve, principalmente, à queda de 8,82% na carteira de participações em empresas. Também contribuíram para o resultado negativo os investimentos estruturados, que recuaram 1,15% de janeiro a maio. Os empréstimos tiveram rendimento de 5,75%, e os imóveis valorizaram 1,36%.
Desempenho do plano X meta atuarial (%)
Maio
Acumulado no ano
Total do plano
-3,35
-0,53
Meta atuarial
0,86
3,69
*A rentabilidade total do plano é o retorno dos investimentos, descontados outros fatores que interferem no resultado.
Composição da carteira
63% Renda Fixa
23% Renda variável
3% Investimentos estruturados
8% Imóveis
3% Empréstimos
Resultado por segmento (%)
Maio
Acumulado no ano
Renda fixa
-3,42
1,14
Renda variável
-5,56
-6,92
Investimentos estruturados
0,44
-1,15
Imóveis
0,54
1,36
Empréstimos
0,91
5,75
Categorias renda fixa e variável (%)
Maio
Acumulado no ano
RENDA FIXA
Renda fixa de longo prazo
-3,96
1,12
Crédito privado
0,86
5,88
RENDA VARIÁVEL
Governança
-4,15
-8,82
Livre
-9,69
-0,23
Referenciais (%)
Maio
Acumulado no ano
CDI
0,52
2,64
Ibovespa
-10,87
0,46
Movimentação do plano
O PPSP-NR encerrou o mês de maio com 18.875 participantes, dos quais 1.450 ativos e 17.425 assistidos (aposentados e pensionistas). No mês, houve 54 concessões para participantes não repactuados.
Benfícios concedidos
Aposentadorias
Auxílios-doença
Pensões por morte
Pecúlios
5
0
18
31
Resultado do plano
O PPSP-NR acumulou déficit de R$ 2,7 bilhões até maio de 2018. Em relação ao resultado de abril, houve aumento do déficit por causa do resultado negativo dos investimentos.
Patrimônio de cobertura: R$ 12,8 bilhões (ativos)
Todos os investimentos que o plano possui, mais outros recursos que ele tem a receber.
Compromissos futuros: R$ 15,5 bilhões(passivo)
Valores comprometidos com os pagamentos de benefícios de todos os participantes, seguindo o regulamento do plano.
Equilíbrio técnico: - R$ 2,7 bilhões
Diferença entre compromissos futuros e patrimônio. Sofre variações para mais ou para menos, de acordo com a movimentação dos compromissos e a rentabilidade. Quando esses compromissos ficam maiores que o patrimônio ocorre déficit. Quando a situação é inversa, há superávit.
RESUMO DO RESULTADO ACUMULADO (JAN-MAI 2018)
R$ milhões
Resultado acumulado em 31/3/2018*
-2.096
IMPACTOS NEGATIVOS (ABR-MAI)
Resultado previdencial (pagamento de benefícios menos recebimento de contribuições e atualização de contingências judiciais com perda provável)
-303
Resultado líquido dos investimentos
-242
Evolução das provisões matemáticas (compromissos futuros)
-49
Evolução dos resultados a realizar
-11
EQUILÍBRIO TÉCNICO
-2.701
*Em abril/2018, o PPSP foi cindido em PPSP-Repactuados e PPSP-Não Repactuados